«O Reino do Céu é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem encontra. Volta a escondê-lo e, cheio de alegria, vai, vende tudo o que possui e compra o campo» (Mt 13, 44).
Quando pensava nas Palavras para vos dirigir neste dia, a única frase que me vinha ao pensamento era esta do Evangelho de São Mateus. Não só pela referência ao nome desta Comunidade (Campo), mas sobretudo porque espelha as três ideias fundamentais da presença da Congregação da Missão nesta comunidade: anunciar a boa nova do Reino de Deus, provocar um encontro com o tesouro que é Jesus Cristo e viver a alegria do Evangelho.
São estas características que definiram o projeto espiritual de São Vicente de Paulo, e a nossa missão aqui é poder continuá-lo. Fomos enviados para o mundo, ou seja, para este campo que é a vida de cada um. Somos semeadores de um carisma que não pode, nem deve ficar guardado, e que só tem sentido se for colocado no campo para produzir mais e mais.
Como sabem, não estou só nesta missão. Carrego comigo o peso de uma congregação com 400 anos de história e 300 de presença em Portugal. Trago comigo uma identidade que é a missão e a caridade; trago comigo uma forma de atuar que é partilhada; trago comigo pessoas que não são colegas, mas irmãos; trago comigo uma espiritualidade, uma comunidade e uma regra de vida.
Vamos continuar o caminho começado pelo Padre Abel e pelo Padre António, a quem agradeço a generosidade, a amizade e a fraternidade com que nos ajudaram neste período de mudança. Vamos fazê-lo juntos, como irmãos que procuram o mesmo tesouro que é Jesus Cristo. Tentaremos fazê-lo como se faz numa caminhada: muitas vezes estaremos à frente para orientar, outras, atrás para empurrar e incentivar, e noutras, ainda, estaremos ao lado para apoiar e abraçar. É esta a nossa missão de pastores. E é nesta missão que prometo, como pároco e como missionário, trabalhar todos os dias. Não vos prometo nada a não ser o meu trabalho e dedicação. E para o resto partilho convosco a frase de São Vicente de Paulo que escolhi para a minha ordenação: “Deixa que Deus faça… Se confiares, Ele cuidará de ti!”. Coloco-me e coloco-vos nas mãos de Deus. Ele sabe muito bem os desígnios que reserva para cada um.
Este tempo de mudança é tempo de agradecer. Agradecer o dom recebido. E, por isso, agradeço ao Senhor Dom António Luciano a amizade com que nos acolhe na sua diocese e a confiança depositada ao escolher esta comunidade para assumir estas funções. Pessoalmente, é um dom voltar a esta diocese, onde tive a graça de ser ordenado diácono, e ter um bispo por quem tenho muita amizade, estima e apreço.
Agradeço à minha congregação, na pessoa do meu Superior Provincial, Padre Nélio Pita, a confiança que depositou em mim para assumir a missão de pároco. Apesar da minha juventude, inseguranças e medos, soube dar-me as palavras certas e transformar o meu sim inquieto num sim generoso.
Aos meus irmãos, Padre Pedro e Padre Luciano, agradeço a vossa fraternidade e conto com o vosso exemplo e testemunho para me ajudarem nesta missão. A garantia de não estar só, dá-me a certeza de que o caminho será mais fácil, a cruz mais leve e a fé mais viva.
Para todos vós, paroquianos do Campo, pediremos a intercessão da Nossa Padroeira, Santa Maria Madalena – ela que foi a primeira testemunha da Ressurreição – para que nos ajude a crescer juntos neste campo de Deus; para que juntos descubramos o tesouro; para que juntos partilhemos as alegrias e as tristezas, e, juntos, aprendamos com humildade a crescer na fé. Envio uma saudação especial àqueles que se encontram sós, doentes ou cuja a idade ou a debilidade não permitem estar aqui. Apesar da pandemia que vivemos, espero que possamos encontrar-nos em breve e que a Igreja possa ir até junto de vós. Afinal, são vocês o nosso maior tesouro neste campo que é de Deus.
Corações ao Alto!
Do vosso Pároco,
Pe. João Soares, CM