Dia da Paróquia – Homilia Santa Maria Madalena

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Homilia Santa Maria Madalena – Dia da Paróquia

Caros Irmãos, hoje reunimo-nos aqui para celebrar a Festa em honra de Santa Maria Madalena, padroeira da nossa paróquia. Fazemos festa com Maria Madalena, a Deus, recordando a sua vida. Uma vida de grande entrega ao seguimento do Senhor.

É sobre este seguimento que meditaremos. Um seguimento que se verificou na total fidelidade a Jesus, mesmo quando todos o abandonaram, ela nunca o deixou. Até mesmo naquele calvário inóspito, solitário e cheio de falta de sentido, ela permaneceu fiel. E o prémio dessa mesma fidelidade é verificado naquela manhãzinha de Páscoa, no rodar daquela pedra e no descobrimento de que aquele Senhor no qual colocou toda a sua confiança não é uma fraude, um engano ou uma ilusão.

Com Maria Madalena aprendamos a ser estes discípulos fiéis e sigamos os seus passos, para podermos crescer como pessoas e como comunidade. Como? Este Evangelho dá-nos alguns passos que nos ajudam a viver o nosso discipulado a exemplo de Santa Maria Madalena:

Em primeiro lugar, somos chamados a chorar como ela chorou. As lágrimas de Maria Madalena não são lágrimas de crocodilo, ou lágrimas sem sentido. São lágrimas de quem ama e de quem sente partir o sentido da sua vida e da sua missão. Como discípulos, também nós temos de aprender a chorar perante as dores dos nossos irmãos, perante as perdas daqueles de quem ninguém dá falta. Abandonar o egoísmo de quem apenas vive para si. Como comunidade, temos de chorar e reconhecer no outro, naquele que está ao nosso lado, o Manuel, o Joaquim, a Maria… e chorar por aqueles que são Cristos aqui na terra e que passam por bastante sofrimento. Deixarmo-nos comover pela dor é a primeira atitude do discípulo. No fundo, deixar-se comover é deixar-se interpelar.

Em segundo lugar, Jesus chama e Maria responde a esse mesmo chamamento. Perante a fé daquela mulher, Jesus chama-a e Maria Madalena reconhece-o, já não pelo seu aspeto, mas pela sua voz. Por aquela mesma voz que a chamou do pecado à vida nova da graça. É a mesma voz que lhe soava aos ouvidos cheia de palavras de vida eterna. E, é a essa voz, que ela mais uma vez vai dizer sim. Maria Madalena entendeu quem realmente é Jesus. É aquele que, perante a tristeza, chama, convoca, congrega e nos dá a nova alegria para viver. Infelizmente, no meio de tanto ruído que é este mundo (quando digo mundo, digo também a nossa terra) onde preferimos ouvir outras vozes, como a do engano, do diz que disse, da mentira, da inveja e do poder, esquecemo-nos de ouvir a voz da verdadeira alegria. A voz que liberta, que salva e santifica. A voz que dá vida e nos diz a cada um de nós: “confia, Sou Eu! O teu Salvador”.

Em terceiro lugar, Maria Madalena não ficou quieta, ela tornou-se a primeira testemunha da Ressurreição. Vejam só: uma mulher – sendo que, naquele tempo, a mulheres eram desconsideradas – foi a eleita de Jesus para O testemunhar pela primeira vez. Mais uma vez, Jesus derruba preconceitos e estereótipos estabelecidos, mostrando-nos que a Sua presença é para todos e não apenas para alguns eleitos. Também nós somos chamados a derrubar os muros do preconceito contra os nossos irmãos, a deixar para trás o estabelecido e a ditadura do “sempre foi assim”. De abrir as portas para todos e não fazer da casa de Deus um gueto, onde só alguns podem entrar. O sepulcro do Senhor, aquela pedra que se abriu na manhãzinha de Páscoa, abriu-se para todos. Com a missão de chegar a todos, por isso ela foi a correr contar, não como mero ato de coscuvilhice e de alcoviteirice. Mas como anúncio da verdade que liberta e salva.

Como Paróquia, imitemos a nossa padroeira em tudo isto e sejamos realmente construtores de um mundo novo. Façamos de Maria Madalena o modelo para o nosso projeto de futuro. Por uma paróquia que se deixa comover pelo sofrimento dos que mais sofrem. Por uma paróquia que ouve a voz de Deus e O segue. Por uma paróquia acolhedora que não exclui ninguém. E, principalmente, por uma paróquia que anuncia a verdade que salva.

Que este projeto seja o projeto de cada um de nós que estamos aqui e que o possamos levar aos que não estão. Afinal, é na Eucaristia que nós descobrimos, reconhecemos, e ouvimos aquela voz que nos chama pelo nosso nome nos diz: “a quem procuras?”. E na qual a única resposta só pode ser: “Rabuni”, ou seja, Mestre!

Santa Maria Madalena, rogai por nós!