Carta Padre Feliz Martins ao Padre Rocha

Querido amigo Pe. Rocha:

Quem te escreve hoje é o Feliz, padre missionário comboniano a trabalhar no Sudão, concretamente de Nyala, na região do Darfur.

Já não somos totalmente desconhecidos desde aquele dia em que o Pe. Miguel de Abreu teve a boa ideia de nos apresentar um ao outro na sacristia da Sé de Viseu, momentos antes da eucaristia festiva dos 500 anos da dedicação da nossa diocese. A notícia, ainda fresca, andava no ar, tendo surpreendido de forma geral os paroquianos de Campo de Madalena. E isso de ficar surpreendido, diga-se de passagem, era bom sinal.

Nesses dias dei comigo a conversar com um amigo que, levando a coisa com alguma dose de bom humor, comentava que afinal, foi sempre assim e assim sempre há-de ser: um vai e outro vem. E muito bem que assim seja porque há paróquias que já não têm essa sorte ou, pelo menos, da mesma maneira que nós a temos hoje. De todos os modos, dizia ele, as mudanças e as nomeações são coisas que acontecem em toda e qualquer diocese do mundo.

No final da conversa, a conclusão, por parte do meu amigo, até foi de alta e fina teologia pastoral. Afirmava ele que um e outro – o Pe. Miguel e o Pe. Rocha – serão talvez diferentes, que é o mais certo acontecer; mas a verdade é que um não é mais nem o outro é menos, isto é, um não é superior nem o outro é inferior. O escalão de pároco é de igual medida para os dois. O que, pelo contrário, deveria ser verdadeiramente mais importante é que os paroquianos não venham um dia a queixar-se de que o padre não os tenha ajudado a caminhar nos caminhos de Deus.

Amigo Pe. Rocha, tenho pena em não poder marcar presença no dia da tua tomada de posse. Já o mesmo tinha igualmente acontecido no dia da tomada de posse do Pe. Miguel nesta mesma paróquia.

Fico a pensar na conversa com esse tal paroquiano que acima referi. E dito isto não há certamente mais a acrescentar. Sejas, pois, bem-vindo a Campo de Madalena, a paróquia de quem eu sou também filho. Quem te enviou até nós não teve certamente outra preocupação senão mesmo essa: que nos ajudes a caminhar nos caminhos de Deus.

Pe. Rocha, ajuda-nos a descobrir e a caminhar os caminhos de Deus! Se uma coisa te pedimos é mesmo esta: que caminhes connosco! Algumas vezes terás que ir à frente do rebanho a indicar o caminho que porventura poderemos ter perdido de vista. Outras vezes terás que ir atrás, a ajudar e a empurrar as ovelhas que se vão sentando, cansadas, à beira da estrada. Mas, certamente, todos regozijarão ao ver o seu pastor no meio do rebanho, partilhando alegrias e dores, a par e passo com quem quer recomeçar todos os dias a sua caminhada para Deus, coisa nada fácil nos dias de hoje.

A ti, Pe. Rocha e a todos nós teus paroquianos, desejo uma boa caminhada!

Feliz da Costa Martins, missionário Comboniano.