Domingo de Páscoa

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Homilia de Domingo de Páscoa

Ler os Sinais do Ressuscitado

Caros Irmãos e Irmãs, “no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro e viu que a pedra tinha sido retirada do sepulcro”. Maria Madalena foi a primeira a dar-se conta, através do sinal daquela pedra removida, de que algo se passava. Por isso, correu a chamar os discípulos para ajudar a perceber. A análise, essa, era muito simples: uma pedra removida, um sepulcro vazio, uns panos, umas ligaduras e um sudário enrolado à parte.

Os discípulos viram os sinais e depreenderam uma presença nova e renovada Daquele que já tinham conhecido e que agora o conhecem numa nova presença que transcende toda e qualquer compreensão humana. A partir deste momento, tudo ganha outro entendimento: uma ausência preenchida de uma vida que venceu a morte! É a partir deste momento que tudo ganha sentido: o Domingo, a existência cristã, o anúncio de Jesus, o Reino de Deus, a Comunidade, o seguimento, mas, sobretudo e acima de tudo, ganha sentido a Cruz que Ele abraçou! Tudo irradia do Ressuscitado!

Somos cristãos e testemunhas Deste Cristo que hoje também ressuscita para nós. Também nós somos chamados a olhar para aqueles sinais e descobrir, tal como discípulo amado, a presença transformante e transformadora de Jesus na nossa vida. E, como vimos, eram sinais muito pobres. Ser discípulo de Jesus é descobri-Lo nas coisas mais simples e pobres. Naquelas coisas que, por si, não se impõem tanto. Como discípulos deste Ressuscitado somos convocados a elevar a nossa atenção, o nosso olhar e o nosso coração para tudo aquilo que é humilde, pobre e frágil, para os sudários e as ligaduras deste mundo!

Esta forma simples, pobre e humilde através da qual o Ressuscitado se apresenta não nos deveria causar estranheza pois, afinal, foi numa simples refeição de pão e vinho que Ele condessou a sua vida. Foi numa cruz e nuns pregos que Ele manifestou a Sua realeza e foi naqueles panos e naquela rocha que manifestou a Sua glória como Filho de Deus! E continua hoje a manifestar-se nos que sofrem, nos que não têm condições de vida, nos rejeitados da sociedade… Também nós ainda continuamos a ter a mesma reação dos discípulos, pois necessitamos de um encontro transformante que nos ajude a entender aquilo que os nossos olhos envolvidos pelo mundo não conseguem ver.

Aqueles simples sinais foram para aqueles discípulos um ato transformante. Depois da cruz, para eles não restava mais nada senão a frustração, a tristeza e o sentimento de tempo perdido. Foi pela Ressurreição que tudo se tornou claro! Foi através daqueles sinais que aqueles discípulos perceberam o quão fácil era Jesus e quão difícil é o nosso coração. Talvez porque procuram nos galhos aquilo que estava na raiz! Parafraseando Saint Exupéry no Livro do Principezinho, estes discípulos perceberam, com aqueles simples sinais do Ressuscitado, que o “essencial é invisível aos olhos”!